As Warming Stripes (“faixas de aquecimento”, em tradução livre) são representações visuais simples e impactantes das mudanças de temperatura ao longo do tempo. Cada faixa vertical colorida representa um ano, com tons de azul indicando anos mais frios e tons de vermelho, anos mais quentes.
Criadas pelo climatologista britânico Ed Hawkins em 2018, elas se tornaram símbolo da crise climática, aparecendo em camisetas, murais e até capas de livros. Em entrevista à BBC, o cientista alertou:
A frase — dita com certa ironia, mas carregada de urgência — reflete uma realidade alarmante. “À medida que os gases de efeito estufa continuam a se acumular na atmosfera, as cores ficarão cada vez mais escuras”, completou o cientista.
Agora, pela primeira vez, as Warming Stripes foram estendidas verticalmente para cobrir não apenas a superfície terrestre, mas também as camadas profundas do oceano e as altas camadas da atmosfera. A iniciativa, publicada recentemente na revista Bulletin of the American Meteorological Society, reflete um esforço colaborativo entre cientistas de diversas instituições internacionais.
Enquanto as faixas vermelhas continuam predominando na superfície e nas camadas superiores do oceano, indicando aquecimento, a estratosfera — camada da atmosfera que vai de cerca de 10 a 50 km de altitude — revela o oposto: um resfriamento progressivo, representado por faixas azuis.
Esse contraste chama atenção para o papel do CO₂ na dinâmica energética da atmosfera, e para a relação entre aquecimento global e mudanças estruturais na circulação atmosférica.
O resfriamento da estratosfera está ligado a dois fatores principais:
Esse fenômeno revela como o aquecimento global não se distribui de maneira uniforme na atmosfera e como diferentes camadas reagem de forma oposta à elevação dos gases de efeito estufa.
Desde 2019, a campanha global #ShowYourStripes incentiva o compartilhamento dessas faixas em escala local — qualquer pessoa pode baixar gratuitamente gráficos personalizados com dados de temperatura de quase todos os países e cidades do mundo.
Em 2022, as stripes foram tema até de um desfile na Semana de Moda de Londres, com vestidos, órios e até uma capa estilizada, como compartilhou o próprio Ed Hawkins em suas redes sociais:
At London Fashion Week, @HouseOfTammam put on a catwalk show with dresses, accessories and a cape with the stripes as a theme, reaching a new audience and winning awards for sustainability engagement. pic.twitter.com/4UkV5pWZd6
Ed Hawkins (@ed_hawkins) June 21, 2022
As Warming Stripes seguem como uma das representações visuais mais eficazes para comunicar o aquecimento global. Simples e intuitivas, elas ajudam a traduzir décadas de dados em uma imagem que qualquer pessoa pode compreender.
Para o público não especializado, funcionam como uma porta de entrada para a conversa climática e ampliam o alcance da mensagem científica por meio de formas íveis e impactantes.
Warming Stripes spark climate conversations: from the ocean to the stratosphere. 02 de abril, 2025. Hawkins, et al.